Orientações e práticas para um bom Advento
Inicia-se neste domingo (01/12) o tempo do Advento, que é o período em que a Igreja se prepara, por meio da oração e da penitência, para a grande solenidade do Natal. Embora haja o costume de se referir a essa data como o “aniversário” de Jesus, o Natal é, na verdade, a celebração do mistério da Encarnação, motivo pelo qual, desde o século IV, a Igreja reserva um tempo específico da liturgia, dedicado à preparação dos fiéis, por meio do incentivo às práticas de piedade e ascese, a fim de que acolham o Verbo Encarnado de Deus, o Redentor do gênero humano, em seus corações.
Deus, que habita em luz inacessível, está presente nas suas criaturas, especialmente no ser humano, por meio de seus vestígios, de modo que o homem pode intuir a sua existência. Com a Encarnação, porém, o Senhor revelou-se aos homens de uma maneira muito particular, manifestando-lhes a plenitude de seu amor, algo que seria impossível de se fazer somente pela criação. Daí a grandeza do Natal e o porquê de a Igreja, vestindo-se de roxo, dedicar um período da liturgia para a meditação desse acontecimento, ao longo de quatro semanas. O objetivo do Advento é capacitar os cristãos a reconhecerem a presença de Cristo em suas vidas.
De forma concreta, a pessoa que está em estado de graça deve ser capaz de perceber a presença de Deus em sua alma. Todos os batizados recebem um organismo espiritual que é alimentado pela presença da Santíssima Trindade, como prometeu Jesus durante a Última Ceia: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra e meu Pai o amará, e nós viremos a ele e nele faremos nossa morada” (Jo 14, 23).
Acontece que essa presença é, infelizmente, ignorada por muitos de nós, por conta de nossos apegos e paixões desordenadas. Assim como em uma cidade grande, onde as estrelas acabam ofuscadas pelas luzes artificiais, a presença de Nosso Senhor Jesus Cristo é escondida pelas centenas de distraçõezinhas da nossa alma, de sorte que, para encontrá-lO, precisamos retirar-nos para o campo, onde não existe a presença de outras luzes, senão a do próprio Céu.
Esse retiro deve ser praticado de três maneiras, segundo o que ensina a nossa Madre Igreja:
- Por meio da oração íntima diante de Deus, em que você se entrega absolutamente ao Senhor e trata de amizade com Ele;
- Por meio da recepção frequente da Eucaristia;
- Por meio da ação de graças após a Santa Comunhão.
É claro que esses três passos dependem, em primeiro lugar, da pureza da alma. Por isso é imprescindível que a pessoa esteja em estado de graça para conseguir enxergar a presença de Cristo. De resto, a oração íntima com Deus é válida para todos os tipos de fiéis, pois, como ensina o Concílio Vaticano II, todos somos chamados à santidade, sejamos clérigos ou leigos
Fonte: Padre Paulo Ricardo